Dicas importantes para salvar ninhadas recém-nascidas separadas de suas mães.

Infelizmente, muitas vezes encontramos ninhadas de gatinhos abandonados, recém-nascidos, sem suas mães. O desafio de cuidar destes neonatos é bem grande e as chances de sucesso são baixas. 

Trazemos aqui algumas informações que podem ser úteis, caso você precise cuidar de uma ninhada abandonada. Importante dizer que, sempre que for possível, você deve procurar ajuda veterinária.

Sabemos que, ao nascer, os gatinhos têm seus sistemas imunológicos imaturos, recebendo apenas 5% de seus anticorpos derivados da mãe por via transplacentária. Portanto, para obter proteção contra doenças infecciosas, deve haver transferência de anticorpos maternos através do colostro, por isso gatos neonatos devem mamar e ingeri-lo no período perinatal imediato. A capacidade dos neonatos de absorver os anticorpos maternos, através do colostro,  começa a diminuir a partir de 6 horas após o nascimento, e não é mais possível absorver após aproximadamente 48 horas.

Portanto, saiba que gatinhos retirados de perto de suas mães antes de mamar o colostro, a primeira mamada, tem poucas chances de sobrevivência.

Gatos muito jovens, o ideal é achar uma ama de leite, uma gatinha que esteja amamentando e que aceite cuidar do filhote. 

Identificar a idade correta em animais resgatados das ruas pode ser outro desafio para protetores e veterinários,  e conhecer alguns parâmetros e pesar o animal o ajudará nesta tarefa.

Devemos sempre tomar cuidado para prevenir a hipoglicemia e a hipotermia em filhotes!

Nos animais bem jovens devemos prevenir a hipoglicemia (baixa da glicose sanguínea) e a hipotermia (baixa da temperatura corporal), ou seja, devemos alimentá-los com frequência e mantê-los aquecidos.   

Os gatinhos que não se alimentam, se tornam hipoglicêmicos, ficando fracos e letárgicos, o que pode causar mais dificuldade em se alimentar, exacerbando a anorexia e dificuldade de manter calor, piorando a hipotermia. 

Até a terceira semana de vida, os gatinhos não conseguem regular sua temperatura e podem ficar hipotérmicos. Precisamos, portanto, mantê-los sempre aquecidos, sobre uma mantinha, cobertos e, se necessário, colocar bolsas de água quente para mantê-los quentes, mas tomando cuidado para não queima-los ou superaquecê-los. 

Se um gatinho desenvolveu hipotermia, essa deve ser revertida antes de fornecermos nutrição oral, uma vez que a motilidade intestinal estará devagar em gatinhos hipotérmicos. Como resultado, há um alto risco de regurgitação e, com isso, pneumonia por aspiração (o reflexo de vômito não está presente até aproximadamente 10 dias após o parto). 

Não dê leite de vaca puro para o filhote, pois este pode causar diarreia. Procure comprar sucedâneo para gatinhos, como por exemplo: Pet Milk, Cat Milk e o Milk Support Cat. 

Se a alimentação oral puder ser tolerada, e o filhote estiver mamando, a quantidade do alimento pastoso ou líquido deve ser limitado a cerca de 4 a 5 ml/100g de peso corporal, pois esta é a capacidade máxima do estômago de um filhote. 

Os alimentos devem ser introduzidos gradualmente e deve-se seguir a tabela de quantidades escritas no rótulo do substituto do leite que voce comprou. Sempre aqueça a aprox. 37 °C (entre 35°C a 38°C) em banho maria, antes da alimentação. Não aqueça em microondas para evitar superaquecimento de partes do líquido. 

Quando usamos substitutos de leite especiais para filhotes de gatos (de marcas confiáveis), devemos levar em conta que o animal de 1 semana de vida deve ingerir em torno de 15% a 20% do peso (em gramas), em ml por dia (Ex: gato de 100gr, deve ingerir 15 a 20 ml), e deve ganhar 10-15 gr por dia de peso. Devemos dar leite até o animal começar a se alimentar sozinho, com aprox. 40 dias. 

Devemos comprar mamadeiras especiais para gatos, com bicos em borrachas, finos e compridos e com abertura pequena, e sempre devemos higienizar nossas mãos antes de manipular as mamadeiras e o leite do filhote. E devemos lavar todos os utensílios muito bem entre as mamadas. 

Durante a amamentação, os filhotes devem permanecer com a barriga voltada para baixo (nunca para cima). Já a mamadeira, deve ser posicionada em um ângulo de 40 a 45 graus, que impeça a entrada de ar no bico. A amamentação de gatinhos com até 10 dias de idade deve ocorrer a cada 2 horas; já dos filhotes entre 11 e 18 dias, a cada 3 e 4 horas; enquanto os gatinhos com 4 semanas, a cada 5 e 6 horas; e a partir de 4 semanas, eles devem amamentar 2 a 3 vezes, além de começarem a comer ração para filhotes umedecida e misturada com o sucedâneo. Essa também é a fase de disponibilizar água fresca em bebedouros rasos. Animais muito jovens, neonatos, podem ser amamentados com auxílio de uma seringa. 

Mantenha a alimentação e a higiene do seu filhote sempre que terminar de amamentar. Tente fazer uma limpeza com algodão molhado em água morna no ânus no animal, para estimular a micção e defecação. Isso é muito importante para que ele não fique com fezes retidas. Você pode também passar uma escovinha bem macia por todo corpo do animal, mimetizando a lambedura da mãe.  

Lembre-se, converse com seu veterinários, leve os animais para consulta e se oriente  sobre vermifugação, vacinação e castração. A vermifugação pode começar aos 30 dias de vida e a primeira dose da vacina tríplice ou quadrupla felina pode ser dada a partir do 45° dia de vida. 

Texto: Rosangela Gebara – Veterinária e Gerente de Projetos da AMPARA Animal.

Instituto Ampara

A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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