Por que os tutores abandonam seus pets nas férias?

A chegada das férias pode se tornar um transtorno para as famílias quando não há um planejamento adequado para cuidar do pet durante esse período.

Apesar das várias opções de hotéis pet friendly — locais que aceitam pets —, muitas famílias optam por não levá-los, seja devido aos custos financeiros ou por causa da dificuldade de locomoção.

Por isso, é essencial explorar todas as alternativas viáveis. Afinal, abandonar um animal é crime no Brasil e pode causar grande sofrimento a ele. 

Estima-se que 30 milhões de cães e gatos estão abandonados nas ruas, sujeitos a maus-tratos, fome, frio, calor extremo, sede, entre outras condições problemáticas.

Portanto, ao planejar a viagem da família, é fundamental considerar também o destino do pet, caso não seja uma opção levá-lo junto nas férias. 

Pode deixar o pet sozinho em casa? 

A advogada ambiental e professora de Direito Animal, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, Letícia Yumi Marques, explicou que o problema de deixar um pet sozinho por muitos dias é o estresse que isso poderá causar nele depois.  

“É muito comum as pessoas saírem de férias e deixar o animal sozinho em casa, e isso pode ser um problema. Não só por questões relacionadas a disponibilidades de comida e água fresca, mas também ao estresse e ansiedade que o animal pode apresentar por estar longe do seu tutor”, explicou. 

“Essa situação também pode configurar maus-tratos na medida em que afeta uma das ‘Cinco Liberdades’ que a gente lida na questão animal, que é a liberdade psicológica ou psíquica”, disse a advogada ambiental.

Crime de maus-tratos

Letícia falou que não existe na Lei de Crimes Ambientais um conceito definido do que seja maus-tratos. 

“Tem diversas condutas que são mais ativas, no sentido de bater no animal, por exemplo. Você não vai encontrar na legislação um conceito que considere ‘deixar o animal sozinho em casa’, nestas palavras, maus-tratos”, explicou.

“Do ponto de vista da legislação penal isso é um fator muito sensível para a configuração de crime, porque quando falamos em crime, existe uma interpretação muito restritiva da lei e essa legislação tende a ser interpretada ao pé da letra”, explicou. 

A advogada pontuou que essa posição não é unânime entre advogados criminalistas. 

“No meu entender, qualquer situação que venha infringir as ‘Cinco Liberdades’ dos animais, incluindo a liberdade psíquica de bem-estar emocional, configura uma situação de maus-tratos e está sujeita às penas das leis de crimes ambientais. Na dúvida, a melhor conduta é prestar atenção e tomar os devidos cuidados”, concluiu Letícia Yumi Marques. 

Veja a seguir opções viáveis para ajudar com seu pet, como serviços de hospedagem específicos para pets, contratação de pet sitters ou a ajuda de amigos e familiares. 

Hotéis e creches para pets

Atualmente, diversos estabelecimentos oferecem serviços especializados para cuidar dos pets, garantindo que eles recebam atenção, alimentação adequada e exercícios durante a ausência de seus tutores.

É muito importante escolher um local bem avaliado ou indicado por alguém de confiança, para evitar futuros transtornos, e visitar as instalações antecipadamente para garantir que atendam às necessidades do animal.

Pet sitter 

Opção para os tutores que vão viajar e preferem que seus animais de estimação permaneçam em casa, principalmente os felinos.

O pet sitter seguirá a rotina do animal, o que pode reduzir o estresse associado a mudanças de ambiente. Dentre os serviços contratados, pode-se definir os horários de alimentação, higiene e passeios. 

Hospedagem domiciliar 

Existem plataformas online que conectam tutores a pessoas dispostas a hospedar cães e gatos em suas casas mediante a um valor previamente estabelecido.

Neste caso, é ainda mais importante observar as avaliações, visitar o local e obter informações sobre o anfitrião.

Geralmente, as plataformas de serviço apresentam o perfil completo do anfitrião. Destacam seus serviços, que podem variar desde a administração de medicamentos até o cuidado com animais com necessidades específicas.

Ajuda de amigos e familiares

Quem não pode arcar com serviços adicionais, contar com a ajuda de pessoas conhecidas é uma opção.

Se o animal já estiver familiarizado com a pessoa, essa escolha é mais positiva. Importante fornecer instruções detalhadas sobre a rotina dele, contendo horários, dieta, necessidades médicas e comportamentos.

Além disso, é crucial deixar informações de contato, como o número do seu telefone, o do veterinário responsável e outros de emergência, caso haja necessidade.

Independentemente da escolha, é necessário um planejamento para organizar a nova rotina do animal e garantir que ele continue bem mesmo longe do tutor temporariamente. 

Abandonar é um ato impensável, e a decisão de trazer um bicho de estimação para casa implica em assumir responsabilidades durante toda a vida do animal. 

Instituto Ampara

A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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