Sugestões da Ampara para o Transporte Aéreo de Animais

O que devemos fazer para que essas mortes parem de ocorrer?

O triste incidente com um golden retriever na Gol, evidencia os riscos das viagens aéreas para animais. Viajar de avião é sempre estressante para cães e gatos, que enfrentam ambientes desconhecidos e condições adversas. Mesmo com medidas de prevenção atuais, o transporte aéreo para animais ainda carece de melhorias significativas.

Em primeiro lugar é importante mencionar não existe um transporte sem riscos para animais que viajam no compartimento de carga das atuais aeronaves comerciais.

Desta forma, a nossa recomendação, como organização de proteção animal é que as companhias aéreas ofereçam um serviço especializado de levar animais dentro da cabine. Logicamente este é um processo que exige toda uma adaptação das regras. Ou seja, novos procedimentos operacionais e novas permissões, sendo um processo delicado, complexo e a médio e longo prazo.

O que o Instituto Ampara Animal recomenda para mudar essa situação a curto e médio prazo

1. Que as companhias criem salas especiais, climatizadas, com isolamento acustico e CFTV no setor de bagagem para animais que estão viajando. Esta sala deve ter ar condicionado, prateleiras deve ter difusores com feromônios para cães e gatos (FeliwayR ou AdpatilR). Esta sala deve ser utilizada em todas as contingências de atrasos, conexões e perdas de voo.

2. Que as companhias aéreas implementem um transporte em solo mais adequado dos animais desde o check-in ou do galpão da de remessas  até as aeronaves:

  • As companhias devem realizar o transporte de animais dentro do aeroporto por meio de uma VAN climatizada. Com ar condicionado e insulfim, destinada somente para este fim, com o objetivo de minimizar ao máximo o estresse pré-embarque. Minimizando também os chacoalhões e as movimentação da caixa que ocorrem nos carrinhos de bagagem comuns.
  • Os animais devem esperar dentro desta VAN (com ar condicionado ligado e vidros fechados para melhor isolamento térmico e acústico). Até a hora de serem colocados nas esteiras que levam ao compartimento de carga.
  • A companhia deve realizar um treinamento padrão para os motoristas deste transporte bem como para todos os funcionários que manejam os kennels em solo. Sobre manejo etológico pré e pós-embarque, utilizando um procedimento operacional padrão (POP)  que priorize o bem-estar e a segurança do animal.
  • A companhia deveria inserir em seus planos de emergência. Respostas padrões para acidentes como: quebra do kennel; fuga de animais dentro do compartimento de carga, fuga de animais dentro da pista, fuga do animal dentro da VAN, etc.

Treinamentos e nova mentalidade

É importante lembrar que estas áreas devem ter um funcionário responsável. Deve ter regras e protocolos completos de limpeza e desinfecção para prevenir a transmissão de doenças. Além de manter a segurança e o bem-estar dos animais e tutores. Estas áreas são importantes para manter os animais o mínimo de tempo possível dentro das caixas. Para que possam fazer suas necessidades, para que possam caminhar, para que possam se hidratar, gastar energia e diminuírem assim o estresse, enquanto aguardam a viagem.  

As empresa junto com os aeroportos e concessionarias devem criar uma força tarefa. Para reduzir ao máximo o tempo do animal dentro da caixa de transporte fora de áreas seguras. Ou seja, diminuir ao máximo os riscos de estresse por ruídos e hipertermia, seguindo todas as medidas de contingência possíveis para que a espera do animal entre um voo e outro seja de no máximo 2 horas.

Todas as companhias aéreas deveriam treinar seus funcionários a responderem a um sistema de alertas. Quando há algum possível acidente ou fuga de um animal dentro do aeroporto segundo as medidas de contingência já publicada. Mas, incorporando um sistema de informação mais rápido e ágil, e o uso de rádios. Todos devem saber e seguir um POP (Protocolo Operacional Padrão) que inclui informações de quem acionar, em qual ordem, o que devem fazer se avistarem o animal à distância e como podem se aproximar do animal para um resgate seguro.  

Implantação de Protocolos e Prevenção de Fugas

Além disso, implementar treinamentos para um grupo de colaboradores na captura emergencial de animais que acabaram de fugir. Técnicas já consagradas utilizadas , pois as chances de um animal perdido ser recuperado são extremamente altas nas 2 primeiras horas.

As companhias aéreas e as concessionarias devem implementar recomendações extras e um maior cuidado em relação a segurança da Caixa de Transporte. Dessa forma, minimizar fugas e perdas de animais nas dependências do aeroporto. Também é necessário fornecer um serviço de colocação na coleira do animal de uma TAG de rastreio por GPS, que será retirada na entrega do animal ao tutor. A TAG deve ser colocada e retirada na presença do tutor/responsável.

Treinar todos os colaboradores que trabalham no check-in para identificar todos os potenciais riscos antes do embarque. Ou seja, animais sedados, animais muito estressados, animais que já chegam com hipertermia, animais muito jovens ou muito idosos e/ou idade incompatível com atestado médico, animais com braquicefalia, animais fracos com sinais de hipoglicemia, por terem muito tempo de jejum e outras alterações que podem aumentar o risco na viagem.

Cuidados durante a viagem

As companhias aéreas devem dar mais a atenção a questão da hidratação. Averiguando se o animal sabe beber no bebedouro automático ou se ele consegue ter acesso ao bebedouro comum. Sendo que deve haver um funil para colocação de água fresca para os animais, em todas as paradas, conexões e esperas o embarque e desembarque. Quando há atrasos, conexões e perda de voo, os colaboradores devem redobrar o cuidado com a hidratação do animal. Eles devem ser treinados para essa função e devem estar atentos a esta demanda. Como descrito nas medidas de contingência, ter bebedouro e comedouros para fornecer em caso de quebra ou perda destes equipamentos durante o transporte do kennel.

Em relação às viagens, deveria existir uma restrição para transportar cães e gatos em voos com apenas uma conexão, e que este voo doméstico não ultrapasse mais de 6 no total.

Em relação ao clima e a  temperatura do ambiente, implementar restrições sazonais para as viagens de animais de estimação. Não embarcar animais que passarão por cidades onde a temperatura estará maior que 30° C ou abaixo de 7 °C. Mas, principalmente raças com pelame denso em temperaturas mais altas ou raças sem pelo nas temperaturas mais baixas.

Veterinários a disposição

Todas as companhias aéreas deveriam contratar um médico veterinário para dar assistência nos aeroportos de maior fluxo de animais. Ajudando os colaboradores de solo quando houver algum problema e fazer todo o acompanhamento em casos mais delicados. Este veterinário poderia ser responsável pelo auxilio as averiguações dos animais em solo. Bem como fazer atendimentos emergenciais caso um animal desembarque com algum problema de saúde que requeira atendimento emergencial. Como por exemplo hipertermia e colapso cardiorrespiratório. Deveria haver também um medico veterinário nos terminais de carga onde há um grande fluxo de  transporte de animais.

As companhias aéreas deveriam firmar convênios/cadastros prévios com clínicas e hospitais  veterinários próximos aos aeroportos e com empresas de busca e resgate de animais perdidos em cada estado. Devem-se acionar essas empresas em caso de fuga de animal dentro do aeroporto. As chances de recuperação de um animal diminuem muito depois das primeiras 48hr. Logo, o tempo é um fator determinante para a localização de um animal perdido. Deve-se implementar uma politica predefinida de apoio e custeio do tutor caso esse seja de outra cidade e estabelecer um tempo máximo de busca de aproximadamente 6 meses após a fuga.

Unindo Forças para Impacto Positivo

Mesmo não podendo amenizar a experiência estressante do animal que viaja dentro do compartimento de carga. Alguns estudos mostraram que a implementação de boas práticas e um cuidado maior empregado antes e depois do voo (pré e pós-embarque), podem reduzir consideravelmente o estresse inerente deste tipo de viagem.

As companhias aéreas devem criar com outras empresas (ABEAR) ou com os aeroportos áreas PETs. Ou seja, salas de descanso para os cães antes do voo(as chamadas PET AREAS e PET RELIEF AREAS). Dessa forma, podem ser usadas tanto por animais que embarcaram na cabine, quanto para animais que viajarão no porão de carga.

Logo, devemos somar esforços para implementar as sugestões de boas práticas mencionadas neste relatório. As práticas neste momento, que embora não sejam as ideais e não tragam o risco zero tão esperado. Mas, ainda sim causarão um impacto positivo na saúde e bem-estar do animal durante as viagens aéreas.

Por M.V. MSc. Rosangela Gebara | Diretora Técnica AMPARA ANIMAL

Leia também Riscos em viagens aéreas para animais e suas possíveis soluções.

Instituto Ampara

A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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