Dia das Crianças: é errado dar um animal de presente?

Muitos pais adotam cães e gatos como presentes, mas depois os abandonam. A falta de planejamento e preparação está entre os principais fatores motivacionais.

Enquanto muitos pequenos aguardam ansiosamente um presente no Dia das Crianças, alguns pais escolhem surpreender seus filhos com um bichinho de estimação.

Apesar da boa intenção, presentear alguém com um animal é arriscado. Muitos filmes americanos mostram a chegada de um cão com um laço vermelho como algo banal.  

Contudo, por trás dos bastidores está a realidade que ninguém mostra: os gastos com o pet, o compromisso de monitorar a saúde e garantir visitas regulares ao veterinário, além de outras responsabilidades com esses animais.

É inegável o quanto cães e gatos trazem alegria e amor para dentro de casa. Além disso, é comprovado cientificamente os benefícios gerados pela interação entre os animais e as crianças.

E quanto às obrigações e responsabilidades? Em várias situações, podemos observar que a culpa não recai sobre o animal ou a criança, mas sim sobre a falta de conscientização por parte dos pais.

Por isso, é fundamental explicar às crianças sobre o compromisso envolvido na adoção e criação de um animal, para que elas não vejam o novo membro da família como um brinquedo.

 Ao invés da adoção impulsiva, que pode trazer graves consequências para a vida do bichinho, toda a família pode praticar a adoção responsável, que envolve planejamento e a participação de todos durante o processo de adoção. 

 Isso não significa que nenhuma criança possa ter um animal; pelo contrário, ter um bichinho de estimação demanda uma série de responsabilidades importantes e significativas.

Sabia que além de o abandono ser crime, tanto cães quanto gatos enfrentam perigos nas ruas?

Eles podem ficar expostos a acidentes de trânsito, doenças, fome, maus-tratos e falta de abrigo.

Quando a empolgação inicial de ter um novo animal diminui, muitas vezes os tutores percebem tardiamente que cuidar de um bichinho envolve responsabilidades significativas.

Por outro lado, a criança também pode sofrer emocionalmente após perder seu fiel amigo de quatro patas, enfrentando sentimentos de tristeza e perda.

Entrevista com especialista  

Em uma conversa com a psicóloga infantil Bruna Pinheiro Silva, abordamos os impactos da adoção irresponsável na criança e no animal, bem como as consequências dessa prática.

Qual impacto positivo e negativo pode gerar na criança após ela ganhar um pet de presente?

Estudos mostram que a interação com pets traz benefícios tanto para a saúde mental, como física. Pode ser uma fonte de calma e relaxamento.

Brincar com o animalzinho pode contribuir e muito para o desenvolvimento e aprendizagem dos pequenos, pois estimula a curiosidade, imaginação, movimento e alegria.

Estudos também mostram que ter pets em casa influencia de forma positiva na parte imunológica da criança quando ela é pequena.

Mas também não podemos esquecer que cuidar de um pet exige um compromisso e dedicação por anos. Eles não são brinquedos ou algo descartável.

Quando falamos em pets, às vezes visamos apenas a alegria e diversão. Contudo, o animalzinho precisa de atenção em vários aspectos, como: vacinas, idas ao veterinário, alimentação, passeios e higiene.

As crianças ainda não possuem maturidade o suficiente para entender que ganhar um pet não é igual a ganhar um brinquedo. Com o tempo ela enjoa e não quer mais brincar. Como disse, é um compromisso.

Antes de entregar o pet, algumas famílias avisam a criança que ele é responsabilidade dela. Porém, em geral, as crianças não possuem condições emocionais, tampouco financeiras para manter um animalzinho.

Crianças devem se ater em ser autênticas e brincar, não cuidar de outra vida. Isso é tarefa do adulto. Entretanto, não estou dizendo que a criança não possa ter sua parcela de responsabilidade quanto aos cuidados, mas deve ser posto de maneira leve e não imposta.

Responsabilidade x ameaças

E quando os pais ameaçam abandonar o animal ou abrir a porta de casa para ele sair caso a criança não cuide? Como isso pode afetá-la?

É preciso, acima de tudo, pontuar que ameaças e chantagens podem ser caracterizadas como violência psicológica, pois é uma conduta que objetiva limitar ou controlar ações e comportamentos.

Uma criança que é constantemente ameaçada a perder algo que gosta, irá aprender por intermédio do medo. Isso é o oposto de uma educação saudável.

Ameaçar traz distanciamento emocional da criança com seus cuidadores. Afeta a autoestima, porque a criança não irá se sentir valorizada, causa estresse e faz com que eles não aprendam de fato sobre responsabilidades.

Não ao abandono!

Antes de adotar ou comprar um animal é necessário refletir se terá tempo para conciliar a rotina da criança e proporcionar qualidade de vida ao pet; e principalmente se todos estão de acordo em ajudar a cuidar dele a longo prazo.

É importante lembrar que há centenas de animais em abrigos esperando por um lar. Optar por adotar ao invés de comprar pode impactar significativamente na vida de um animal abandonado. 

Além de contribuir para combater os locais clandestinos que promovem a reprodução descontrolada de cães e práticas de maus-tratos, a família pode dar uma segunda chance a um animal que já sofreu nas ruas. 

Cães e gatos não são descartáveis e não podem pagar por um erro humano. Adotar é um compromisso que exige responsabilidade e dedicação com outra vida.

Instituto Ampara

A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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