Atropelamento de Fauna no Brasil: uma ameaça para toda a biodiversidade

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O Brasil é o país mais biodiverso do mundo, abrigando uma vasta variedade de espécies animais em seus ecossistemas diversos, muitas vezes encontrados somente aqui.

No entanto, essa diversidade enfrenta uma ameaça crescente e muitas vezes silenciosa: o atropelamento de fauna. Este fenômeno, negligenciado por grande parte da sociedade e poderes públicos, tem impactos significativos na conservação da vida selvagem e na manutenção do equilíbrio ecológico.

A malha rodoviária brasileira tem aproximadamente 1.7 milhões de quilômetros, que cortam cidades, unidades de conservação e tantas outras paisagens. Ao longo das estradas, animais de todos os tamanhos, de pequenos anfíbios a grandes mamíferos, enfrentam o perigo constante de serem atropelados por veículos em alta velocidade. Segundo estudo realizado na Universidade Federal de Lavras, estima-se que a cada segundo, 17 animais vertebrados perdem suas vidas devido a colisões com veículos, tornando este um problema alarmante.

Estamos falando de centenas de milhões de animais, entre eles, espécies símbolos, espécies-chave e espécies ameaçadas de extinção! Onças, tamanduás-bandeira e mirins, tatus, antas, cachorros-do-mato, capivaras, lobos-guará e tantos outros.

A ponta do Iceberg

Os impactos do atropelamento de fauna vão além do sofrimento individual dos animais. Além das mortes diretas dos animais, as rodovias cortam habitats naturais, fragmentam territórios e criam barreiras físicas que dificultam o deslocamento e a migração das espécies. Afetam de forma latente a saúde dos ecossistemas. Causando desequilíbrios populacionais e interferindo nos processos naturais de dispersão de sementes e polinização e tantos outros efeitos em cascata.

Sabe-se ainda que os números reais de animais acidentados são, muitas vezes, subestimados devido ao baixo monitoramento de carcaças e as dificuldades envolvidas. Estamos falando de animais que podem ser atingidos e falecer fora das estradas, carcaças que se decompõe rapidamente, entre outros fatores.

Contudo, não podemos esquecer também, que o atropelamento de fauna representa uma ameaça à segurança humana. Acidentes automobilísticos muitas vezes resultando em ferimentos graves ou morte para os ocupantes dos veículos.

Então por que este problema não é solucionado?

Apesar dos grandes esforços para o combate ao atropelamento de fauna. Como o aumento de estudos de eficácia, monitoramento, novas tecnologias, projetos de implementação de passagens de fauna e outras medidas de mitigação. Além do grande conhecimento científico sobre o problema, como estradas e locais de maior incidência, biologia das espécies mais afetadas etc. A conscientização sobre o tema e sua importância e a implementação de medidas de mitigação efetivas são muito baixas.

Proteção Ambiental
Fernanda Abra, pesquisadora que atua com atropelamento de fauna. Inspeciona passagem aérea para animais em trecho da reserva Waimiri-atroari, no Amazonas: iniciativa reconhecida globalmente (Foto: Instituto Ipê/Divulgação)

É preciso aumentar a educação ambiental, o monitoramento das rodovias, viabilizar passagens seguras e eficientes para a fauna. Cobrar por mudanças na legislação, especialmente em relação a fiscalização de licenciamentos ambientais e mudanças nas concessões existentes hoje, e muito mais!

Sem conhecimento e sensibilização da população, principalmente da escala do problema e de seus impactos, somada à negligência dos poderes públicos, milhões de animais continuarão a morrer nas estradas brasileiras. É necessário um esforço conjunto e contínuo por parte do governo, da sociedade civil e do setor privado para que medidas sejam, de fato, implementadas e suas efetividades avaliadas.

Em suma, diante do panorama preocupante do atropelamento de fauna no Brasil, é crucial dar visibilidade a esta grande ameaça para nossa biodiversidade. Somente com um compromisso coletivo e medidas eficazes poderemos garantir um futuro sustentável para as espécies selvagens que compartilham nosso país.

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A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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