Todos os dias nos deparamos com cães e gatos nas ruas. Muitos cães estão com seus tutores passeando, alguns de coleira, outros soltos e vemos alguns gatos ao cair da noite dando suas voltinhas.
Infelizmente em alguns locais, a quantidade de animais nas ruas é composta em sua grande maioria por animais abandonados, animais que não possuem uma casa, uma família, vivem tentando se alimentar de restos de alimentos, do que encontram no caminho ou da ajuda de algumas pessoas.
E o mais triste, a maioria destes cães e gatos não nasceu nas ruas, grande parte nasceu dentro de uma casa e foi abandonado depois. Ou seja, os animais que estão nas ruas são frutos da irresponsabilidade humana. E muitos deles são abandonados sem estarem castrados e acabam se reproduzindo de forma descontrolada, aumentando ainda mais a população de animais nas ruas.
A vida nas ruas não é uma vida fácil – alguns estudos demostraram que 60-70% dos filhotes morrem antes de completar 6 meses, muitos morrem de fome, de doenças infecciosas, atropelados, envenenados, com doenças de pele, sarnas, bicheiras (infestação por larvas de mosca) que evoluem para infecção generalizada e morte.
Apesar de muitas pessoas gostarem de animais e ajudarem os animais nas ruas, e apesar de existirem comunidades que aceitam e cuidam destes animais (reconhecidos pela legislação como “animais comunitários”), ainda vemos muitos casos de maus-tratos e abandono. Muitos cães e gatos nas ruas ainda são maltratados, chutados, envenenados, atropelados, enfim é uma vida de muita provação e muitos desafios. Os que sobrevivem são verdadeiros guerreiros!
O que define a quantidade de animais nas ruas de um bairro, ou cidade é o nível de guarda responsável da comunidade! Quanto mais responsável for a comunidade, menos animais abandonados veremos nas ruas. Lógico que o abandono é multifatorial e está relacionado também com problemas socioeconômicos, com falta de políticas públicas de castração em massa, falta de educação sobre guarda responsável nas escolas, falta de cumprimento das leis, pessoas que compram por impulso, comércio de cães e gatos desenfreado, entre outros.
Quando vermos um animal abandonado nas ruas, vivendo em praças, estacionamentos de shoppings, supermercados, em terminais de ônibus, lembre-se: este animal provavelmente já teve um dono que o abandonou! E se ele não teve, pelo menos a mãe dele teve. Muitas fêmeas são abandonadas quando ficam gravidas, ou abandonam as ninhadas nas ruas!
No Brasil, de acordo com pesquisa do IBGE publicada em 2019, 46,1% dos domicílios do País possuem pelo menos um cachorro, o equivalente a 33,8 milhões de unidades domiciliares.
Estima-se que há 54,2 milhões de cães, 23,9 milhões de gatos com tutores no País. Mas não há dados oficiais de quantos animais estão abandonados – há estimativas de mais 30 milhões de cães e gatos abandonados.
A sociedade como um todo é responsável por este grande número de animais nas ruas, os animais são extremamente vulneráveis e dependentes de nós, portanto devemos lutar para que todos cuidem bem de seus animais, não comprem por impulso, e se forem adotar que o façam com muita responsabilidade.
Devemos ajudar sempre que possível os animais que estão em sofrimento, dando alimento, água, carinho e se não for possível adotar um animal da rua, devemos ajudar as ONGs e protetores que fazem este trabalho e que necessitam de nossa ajuda.
Lembrar – os animais são seres vivos, que sentem como nós (seres sencientes) e são protegidos por lei. Abandono é crime e todos nós devemos combatê-lo!
Texto: Rosangela Gebara – Veterinária e Gerente de Projetos da AMPARA Animal.