Você já ouviu falar em enriquecimento ambiental?
A técnica consiste em propor estímulos ambientais que tornem a rotina do animal que vive em cativeiro mais saudável, divertida e desafiadora, desenvolvendo suas habilidades físicas e estimulando seus comportamentos naturais.
O ambiente de cativeiro influencia o comportamento dos animais, podendo causar sérios prejuízos à saúde dos indivíduos, que expressam apatia, estresse, além de não desenvolverem seus hábitos e padrões instintivos.
Em seus habitats, os animais caminham longas distâncias para encontrar água, têm o desafio da busca por alimento, interações com a flora e a fauna. Mas, tudo isso se perde na rotina do cativeiro. Com a dinâmica do enriquecimento ambiental, são criados desafios de alimentação, manipulação e sensoriais, estimulando o animal de forma positiva. O importante é estimular e quebrar a rotina!
O trabalho é sempre acompanhado por especialistas e cuidadosamente analisado, para que se verifique, individualmente, seu sucesso.
Existem diferentes tipos de enriquecimento:
- Alimentar: Estimular a procura e caça de alimentos, evitando a previsibilidade na hora da refeição;
- Sensorial: Oferecer situações e recursos que aticem os cinco sentidos dos animais: visual, olfativo, sonoro, tátil e gustativo;
- Físico: Simular o habitat mais natural e adequado para cada espécie, usando objetos como esconderijos, obstáculos, lugares para subir, descer, esconder, pendurar, etc;
- Cognitivo: Estimular a capacidade de concentração, memória, coordenação motora e raciocínio por meio de “quebra-cabeças” que escondem alimentos;
- Social: Proporcionar a interação com animais da mesma ou de outras espécies, da mesma forma como acontece na natureza.
São diversos os métodos para avaliar o sucesso do enriquecimento ambiental. O mais importante é que os animais em cativeiro realizem comportamentos similares aos do repertório de sua espécie. E, deve-se permitir aos animais realizar as atividades e interações de suas preferências (realizando testes de motivação). É possível quantificar o grau dos indicadores de bem-estar animal, verificando a incidência de comportamentos anormais (estereotipados), e a qualidade (evolução) de sua saúde.
Vale lembrar que a vida em cativeiro nunca proporcionará o mesmo nível de estímulos que o ambiente e que esses métodos, mesmo que bem aplicados, não garantem o bem-estar do animal. Um animal preso, mesmo que para fins de conservação ou que não podem retornar para a natureza, como o caso das sete onças que vivem sob os nossos cuidados no mantenedor de fauna, sempre terá privações, sejam espaciais, de interações com outros indivíduos de sua mesma espécie etc. Por isso, o enriquecimento ambiental é uma forma paliativa de minimizar os prejuízos causados por nossa interferência, já que o lugar do animal silvestre é na natureza, em liberdade!
Autor: Maíra Villamarin – Jornalista