Por que precisamos de cidades mais amigas da fauna?

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Tempo de leitura: 4 minutos

Você já parou para pensar que, mesmo em meio a tanto concreto, as cidades também são lar para inúmeras espécies de animais silvestres? Em um mundo cada vez mais urbanizado, aprender a conviver com a biodiversidade que resiste e vive nas áreas urbanas é uma necessidade urgente — e também uma oportunidade de repensar nossa relação com o meio ambiente.

Foi com esse olhar que nasceu o Manual Cidade Amiga da Fauna, uma iniciativa pioneira da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) em parceria com o Instituto Ampara Silvestre. O material, lançado recentemente, é um verdadeiro guia prático para transformar as cidades em espaços mais seguros e acolhedores para a fauna silvestre.

Um manual necessário para um novo jeito de viver nas cidades

Apesar de ser uma das maiores metrópoles do mundo, a cidade de São Paulo abriga uma rica biodiversidade, com mais de 1.300 espécies de fauna registradas, entre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e insetos. Espécies ameaçadas como o bugio-ruivo (Alouatta guariba) gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) e o sapinho-pingo-de-ouro (Brachycephalus ephippium) ainda resistem em fragmentos de mata e áreas verdes da cidade. Além disso, há espécies-chave para o equilíbrio ecológico: como beija-flores e morcegos polinizadores, corujas e gambás, que exercem papéis fundamentais para a saúde dos ecossistemas urbanos. Preservar essas espécies e seus habitats significa também preservar os serviços ecológicos que tornam a cidade mais resiliente e saudável para todos os habitantes.

O Manual surge do reconhecimento de que as cidades não são inimigas da biodiversidade — elas podem e devem ser parte da solução. Cada vez mais as áreas de mata e floresta estão diminuindo, fazendo com o que a fauna se aproxime e se abrigue nos centros urbanos. Neste contexto, a urbanização, embora traga desafios, iniciativas públicas e privadas podem planejar as cidades de forma mais sensível e respeitosa à presença dos animais. E, portanto, é justamente esse o convite que o manual faz: repensar a forma como planejamos, construímos e cuidamos dos espaços urbanos.

A princípio, inspirado nos princípios do Biodiversity Sensitive Urban Design (BSUD), o documento apresenta diretrizes para integrar a fauna nos centros urbanos de forma harmônica, reduzindo conflitos, prevenindo acidentes, e incentivando políticas públicas mais conscientes. Dessa forma, é um material técnico, sim — mas que também inspira reflexão e empatia.

Como o Manual foi construído?

O processo de elaboração foi participativo e colaborativo, reunindo técnicos de diferentes esferas públicas, organizações da sociedade civil, pesquisadores, e a população. Assim, foram promovidos 11 eventos, seis oficinas técnicas, quatro mesas redondas e dois intercâmbios internacionais ao longo do processo, o que garantiu uma abordagem diversa, democrática e conectada com as realidades de diferentes atores sociais.

O que você vai encontrar no manual?

O Manual Cidade Amiga da Fauna é estruturado em sete eixos temáticos, que abordam desde o planejamento urbano até a educação ambiental:

  1. Coexistência humano-fauna: como lidar com conflitos, presença de animais silvestres nas cidades e animais domésticos em áreas verdes.
  2. Proteção, conexão e criação de habitats: importância de manter e recuperar ambientes naturais e conectá-los.
  3. Manejo de áreas verdes: como o paisagismo e a manutenção podem beneficiar a fauna urbana.
  4. Urbanização e infraestrutura: soluções para minimizar os impactos negativos de redes elétricas, iluminação artificial, poluição sonora e atropelamentos.
  5. Políticas públicas: caminhos para fomentar legislações e ações efetivas de proteção à fauna.
  6. Educação pela fauna: formas de sensibilizar a sociedade para uma convivência respeitosa e informada.
  7. Participação cidadã: incentivo para que munícipes, empresas e instituições se engajem nesse movimento.

O manual foi pensado para ser aplicável em diferentes escalas: da casa de um morador à gestão de uma metrópole. Dessa forma, qualquer pessoa interessada pode encontrar caminhos para contribuir com a preservação da fauna local — seja plantando espécies nativas no jardim, seja ajustando práticas de manejo em praças públicas, seja cobrando políticas públicas mais eficazes.

Um futuro possível (e urgente)!

Vivemos em um momento em que os efeitos da perda da biodiversidade estão cada vez mais visíveis — e também cada vez mais próximos de nós. Portanto, promover cidades mais amigáveis à fauna é mais do que um ato de conservação: é um compromisso com o bem-estar coletivo, com a saúde ambiental e com o futuro das próximas gerações.

Por fim, o Manual Cidade Amiga da Fauna é um convite à ação. Um lembrete de que todos nós temos um papel na construção de cidades mais verdes, vivas e justas. Porque quando cuidamos dos animais e dos ecossistemas urbanos, também estamos cuidando de nós. Faça o download gratuito aqui e compartilhe este movimento!

Instituto Ampara

A AMPARA nasce em agosto de 2010, pela coragem de Juliana Camargo e Marcele Becker em tirar diversos animais da situação de rua. Em 5 anos de trabalho pesado, a AMPARA consegue se tornar a maior OSCIP de proteção animal do Brasil, com o maior número de animais amparados.

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